segunda-feira, 2 de maio de 2011

MEDITAÇÃO DO ANJO ANTE A MORTE DAS EFÊMERAS




Amanhã direi a vosmecê,
minha dama eterna,
porque nascem e morrem
as efêmeras, antes mesmo
que o sol se ponha
n’algum horizonte doirado.

suaves, antigas, desde o primeiro dia
arrebentam das águas tranqüilas;
voejam com as borboletas,
tecem figuras meigas e musicais com as falenas,
beijam o sol e jamais vêem a lua.

sem derramar uma lágrima sequer
retornam ao dossel das águas
e morrem tão suavemente como vieram.
então eu digo para vosmecê, minha dama eterna,
que na verdade são fadinhas que,
medrosas, queriam apenas bailar uma valsa:

dessas que os anjos contaram
que somente os amantes dançam.

(sspóvoa-um dia antes
de setembro)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA DO ANJO NALGUM LUGAR OU TEMPO





TEMPO, SEM TEMPO
METÁFISICO OU MATERIAL E MUITO MENOS
CONSIDERADO COMO DE ALGUMA VALIA.
AMADAS, JORNADEAR FOI LONGO,
POREM PARA LUGAR NENHUM,
A NÃO SER A PERSPECTIVA DAS ESTRELAS
QUE NÃO ALCANCEI.
FUI AUSENTE, EM CORPO E ALMA
E PEÇO PERDÃO À VOSMECES
QUE ME MANTIVERAM VIVO
NA MEMÓRIA DO ONTEM
NA PRESENÇA DO HOJE
E NA ESPERA DO AMANHÃ
FOI UM MOMENTO VAZIO,
MAS SABIA QUE ESTAVA VIVO
PORQUE, AMADAS E AMADOS,
EU SABIA QUE VOSMECES EXISTEM!
N’ALGUM PONTO OU LUGAR
DESTE UNIVERSO DOS ANJOS.
ONDE EU ESTARIA, FOSSE COMO FOSSE
AO LADO DE VOSMECES QUE EU AMO.
ESTAMOS JUNTOS, AGORA.
POETEMOS! É NOSSA ESSENCIA DE VIVER!

(sspovoa-hoje.)


Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA PARA OS OITO ANJOS QUE JÁ SE FORAM



Para que romper a aurora
Se, no meu dia chegado
rosto algum eu verei
de dentro do meu mausoléu?

Para que saber que o dia
amanhece
Se minhas noites são calmas
e amortecem minhas tragédias,
na voz de minhas últimas boemias
e das mulheres desregradas
à procura de vida
nos cabarés meio inóspitos?

Para que romper a aurora
Acompanhando esse sol antigo
se na verdade prazer nenhum me propõe,
estes só existem dentro de mim mesmo.
Prefiro, pois, acompanhar a noite
aos sons dos copos
e das raparigas sem destino
que nada me prometem
e tudo me tira?

Prefiro acompanhar a noite minha dama,
apenas com a leve percepção auditiva,
fugindo nas vozes dos galos prematuros
e no uivar dos cães famintos.

Para que esperar a aurora, minha donzela
Se a vida quase não palpita em meu corpo,
se o dia, com certeza absoluta, virá sobre mim,
e maltratara os meus olhos;
e apagará moça, minha alegria?

(sspovoa)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTARES DE UM ANJO COM SAUDADES DO NADA



Prefiro que seja uma dália,
rubra como os seus cabelos
porém suave como um sorriso de criança.

matizarei de amarelo o caminho
por onde passa
com seus passos de nuvem,
serão das acácias as flores
solenes, efêmeras qual sopro
de brisa suave e brincalhona

De onde vem,
triste Açucena
com mãos traçando no nada
doces anelos
corpo cinzelando altares;
desta eternidade inútil como uma brisa
que caminha para lugar nenhum.

Dirá, então: sou sonho.

(sspóvoa-arquivo antigo)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTO MUI ANTIGO D'M ANJO CAVALEIRO




Senhora Dona donzela mia
eis que cavalgado tenho na
garupa do mundo
sem rumo.
E vós, donzela frágil
crescia como as flores
e vosso cavaleiro tardava
sem ver vossa mercê.
Desabrochou como a flor
desabrocha e encanta
a vida de quem a vê
Perdão!
pelo carinho e cuidados
que não dei à Vós
nem enxuguei vossas lágrimas
tristes
Perdão, donzela –flor
porque tardei nos vossos dias
quando ainda era um botão
Na espera da carícia

Agora sois flor-mulher
pétalas abertas que murcharão
sem o afeto que era vosso
Tão distante!
Perdão Senhora Dona donzela mia
Por ter chegado tão tarde!

(sspovoa)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA ALEGRE DO ANJO PARA A POETISA KÁTIA PÉROLA




Contam as legendas antigas que alguma
Fadinha morre n’algum ponto do universo
Se você diz que elas não existem!
As flores murcham, se você não acredita que elas
Sejam borboletas que ainda não nasceram.

Portanto feche os olhos e pense com o coração
Nas fadinhas, nas flores e nas borboletas.

Hoje a poesia deve ser apenas carinho
para a poetisa Kátia Pérola, como se ela fosse
Uma fadinha, uma flor ou uma borboleta,
Apesar de seja uma falena fazendo
Versos nos espaços da vida.

Dia desses ela será uma crisálida
Para retornar transformada na mais
querida poetisa do maravilhoso mundo
dos cantadores onde encanta com
Suas filigranas , como as borboletas
As fadinhas e as falenas de todos
Os jardins dos sonhos e das alegrias!

(sspóvoa-arquivo antigo)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA DO ANJO PARA UMA SIMIONE





BRINCAVAM NO JARDIM IMENSO
ASAS TRANSLÚDAS BATIAM
EM RITIMO TRANQUILO ENTRE
MARGARIDAS E GIRASSÓIS,
SEM POUSAREM EM NENHUMA DELAS.

PENSEI FOSSEM FALENAS OU LIBÉLULAS
SAUDANDO O AMANHECER COM O SOL DOURADO.
REFLETINDO-SE NAS FLORES COLORINDO O MUNDO.

DEPOIS COM O FARFALHAR DAS FOLHAS
TANGIDAS PELA BRISA DO AMANHECER
VI OS VOEJANTES, E DESCOBRI QUE NÃO
ERAM FALENAS OU BORBOLETAS MAS DOIS
ANJOS DISTRIBUINDO CARINHO E ESPERANÇAS
PARA OS SOFRIDOS, ENTRE AQUELAS FLORES

QUE NÃO ERAM MAIS MARGARIDAS OU GIRASSÓIS,
MAS UM VASTO HORIZONTE DE TULIPAS VERMELHAS
DONDE VOSMECE REINAVA COMO O ANJO QUE É.

(sspóvoa-arquivo antigo)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA DO ANJO PARA UMA RDD



Desce as águas murmurando
entre as verdes margens
cantigas antiga que já cantei.
falavam de saudades nunca vividas
que as águas levaram e não voltam mais.

nem as pessoas voltam
se na verdade nunca vieram.

assim o remanso das margens verdes do rio
continuam ouvindo os murmúrios
do que nunca foi,
nunca foi!


(sspóvoa)

Sebastião Spínula Póvoa

REMEMORIAS DO ANJO (para as flores de rai barros)



na elegância dos seus versos
a magnitude da sua poética
reencontrada no remanso de onde terminam
todos os caminhos nos arrependidos dos rios.

Muitos caminhos são estradas sem fim
e poucas estradas são cobertas de flores;
especialmente aquelas que eu não abri
e nem onde dei os primeiros passos.

são às vezes efêmeras como as pétalas
das flores que nunca plantei e que jamais colhi,

nem as fadas ou borboletas pois aram alí!


(sspovoa)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTARES DO ANJO ANDADOR PARA A DAMA DAS HORTENCIAS






FUI APENAS UM CANTADOR
ANDADOR PELOS CAMINHOS
QUE OUTROS TRAÇARAM
AO LONGO DE MUITAS EXISTENCIAS.

HOJE SEI QUE SOU UM ANJO
NÃO MAIS ANDADOR
CUJAS ASAS E PÉS SÃO CANSADOS.

BRINQUEI COM O FRIO
ESPALHANDO GEADA PELO CHÃO
QUEIMANDO AS HORTENCIAS
E COLOCANDO BRINCOS GELADOS
NAS IMPONENTES FRONDES DAS ACÁCIAS.

BRINQUEI DE SER MENINO
CORRENDO ATRÁS DO ARCO IRIS
QUE SE ESCONDIAM NOS MORRETES
DO FRIO MAR LÁ DO SUL.

DEPOIS FUI O PESCADOR
NAS ÁGUAS DO MAR DO NORDESTE
DAS NOITES QUENTES ONDE
FALAVA COM SEREIAS TRISTONHAS.

NINGUÉM ESTAVA LÁ!

QUEDEI-ME NO REMANSO DO RIO
FAZENDO MORADA NOS ARREPENDIDOS
DAS ÁGUAS QUE IAM E VINHAM
CAMINHANDO, SEMPRE, PARA O MESMO MAR.

AGORA TENHO COMPANHEIROS,
COMO EU, QUE PERDERAM
SEU MUNDO ENCANTADO.

SÓ FICARAM AS FALENAS, LIBELULAS
E BORBOLETAS QUE VOEJAM
ENQUANTO O SACI PERERE
ACENDE O SEU PITO
NAS BRENHAS DO MUNDO.

(sspóvoa-30 de julho)


Sebastião Spínula Póvoa

PASSAGEIRA DO VENTO




QUANDO PARTISTE
MONTADA NA GARUPA
DO VENTO, SEM UM ADEUS
OU UM LIGEIRO ATÉ LOGO!
SÓ AS ASSUCENAS BEBERAM
O ORVALHO DAQUELA MADRUGADA
PORQUE ERAM ROXAS COMO A
MINHA SOLIDÃO.

MAS, SE REPARARES NO
CAMINHO DO TEU REGRESSO.
VERÁS QUE PEDÍ ÀS ACACIAS
QUE COBRISSEM DE AMARELO
O CAMINHO DO VENTO
COM AS SUAS FLORES DE
BOAS VINDAS.

(sspóvoado Agosto de 2007
arquivo de RDD)

Sebastião Spínula Póvoa

PRIMEIRA EPÍSTOLA DO ANJO PARA SUAS DAMAS IMORTAIS






ESTOU LONGE, AMADAS!
M’INHALMA QUE FOI ANJO
DESDE O PRIMEIRO DIA
VAGUEIA ESPAÇOS
IMPONDERÁVEIS
PRESA AO VASO
DE BARRO QUE
ESCOLHI.
QUEM NÃO ESTÁ À PROCURA
DE SUAS ASAS, DAMAS AMADAS
QUE FORAM,TAMBÉM DO INÍCIO
QUANDO TUDO SE FEZ
SEGUNDO A VONTADE
DE CADA UMA
AD PERPETUAM
GLORIAM DEI!
M’INHALMA PELO IMPONDERÁVEL
ALIMENTADA PELOS SORRISOS
E PELA GRAÇA
DE CADA
UMA.

(sspóvoa-noite de julho)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA DO ANJO PARA UMA BORBOLETA



Voando, inconsciência das pétalas
repousam em ti –asas
mais leve que a sombra,
penumbra de brisa que vagueia
entre as paredes dos edifícios.
Como ainda existes?
Oh! Tempo sonho,
Oh! Ilusão de pupilas
transformadas em cores e formas;
indulto ao lírico
que nada deixará de existir
enquanto nos espaços
voejarem as borboletas.

(Sspóvoa- Arquivo Antigo)

Sebastião Spínula Póvoa

OS ANJOS CANTAM O INOCENTE QUERER BEM




Se fosse dado contar em teus ouvidos
todos melhores sonhos que bem quiseras
saídos de outros lábios; os teus mais queridos
para renascer-te novas primaveras.

Fosse dado ter teus sonhos recolhidos,
teceria enlevos, suaves quimeras;
a renascer nos teus íntimos sentidos
muitas novas sensações que bem tiveras.

Mas, pássaro na gaiola canta apenas
já não tem vôos, nem liberdade tem;
canta, tão só, talvez porque cantar faz bem.

Assim tão simples e nestas puras cenas
Eu te dedico estas linhas amenas
revelando-te meu inocente querer bem.

(sspovoa-arquivo antigo)

Sebastião Spínula Póvoa

QUINTA CANTIGA DO ANJO PARA SUAS DAMAS IMATERIAIS



O SOL BRILHOU NOVAMENTE E ESTRELAS EXPLODIAM.
O UNIVERSO INIMAGINÁVEL DO TEMPO
VIU MINHAS DAMAS PASSAREM.
ELE, ESTÁTICO, COM SUAS MÃOS DE NUVENS
AFAGOU OS SEUS CABELOS,MATIZANDO-OS
ENQUANTO PASSAVAM.

EU TAMBÉM, COM MINHAS MÃOS DE NUVENS
TENTEI TOCÁ-LAS ,OFERECENDO-LHES
OS OMBROS DE TANTA ESPERA
ENQUANTO OFERTAVA-LHES DELICADA ÂNFORA
PARA QUE COLETASSEM AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS
VERTIDAS PELOS SONHOS DO PASSADO.

TENTEI SER O ESPAÇO, DIÁFANO,
QUE LHES EMOLDURARIA O CORPO,
AS FORMAS, AS LEMBRANÇAS
DE TUDO QUE FÔRA ONTEM.

DUAS LIBÉLULAS, MIL BORBOLETAS
E MILHARES DE FADINHAS E FALENAS
BAILAVAM NUMA VARANDA DO TEMPO,
ENQUANTO AVES NOTURNAS
MORRIAM DE AMOR
RASGANDO OS VÉUS DE LEMBRANÇAS
SOFRIDAS E ARREPENDIDAS.

DEPOIS SE FORAM
NAS CAMADAS TÊNUES DOS VENTOS,
ACREDITANDO QUE SERÃO ESTRELAS
NO CÉU DOS HOMENS.

COM MINHAS ASAS
QUE TEREI DE VOLTA,
ESTAREI ESPERANDO POR ELAS.

(Sspóvoa-arquivo)

Sebastião Spínula Póvoa

ODE DO ANJO PARA SUAS DAMAS IMORTAIS




MINHAS DAMAS SÃO TODAS FADINHAS
BRINCANDO DE SER GENTE!
QUANDO NÃO ESTÃO COMO BORBOLETAS,
FALENAS, LIBÉLULAS,FLORES MUTICORES
E ATÉ PÉROLAS DO MAR SAGRADO.

QUANDO UMA BRINCA DE SER SEREIA
OUTRA VIRA HORTENCIAS ,IRMÃ DAS ARAUCÁRIAS,
MISTURANDO O AZUL DOS SEUS OLHOS
COMO OS AZUIS DE TODAS AS PÉTALAS.

TEM UMA QUE BRINCA DE SER A NATUREZA
SEMEANDO FLORES MULTICORES NOS SEUS JARDINS,
ENQUANTO OUTRA,MISTERIOSA,
VOA COM SUAS ASAS DE BORBOLETA
EM POR SOBRE OS CANAVIAIS DE SUA TERRA.
OUTRA VIRA UM PAIAGUÁ,CORRENDO LIGEIRA

NAS ÁGUAS DOS SEUS RIOS QUE MORREM NO PANTANAL,
E TEM AQUELA OUTRA, BUTTERFLY,COM CERTEZA,
QUE AGUARDA SEMPRE SORRINDO ,
O NASCER DE UM NOVO AMANHÃ

SÓ EU SEI, NA VERDADE, QUE SÃO ANJOS,
MINHAS COMPANHEIRAS DE VIAGEM!

(sspóvoa-n’um dia qualquer)


Sebastião Spínula Póvoa

ORAÇÃO DO MAR PARA UMA FÁTIMA








ELA, FACEIRA, CHEGOU ÀS ONDAS DO MAR SAGRADO,
SUAVEMENTE DESLIZANDO NA ESPUMA BRANCA
QUE SE CASAVA COM AS AREIAS
MURMURANDO CANTIGAS, EM JURAS DE AMOR.
É UMA SEREIA! FALOU UM PEIXE CURIOSO.
OU SERÁ UMA DA DOS ANJOS!
RESPONDEEU O MAR MURMURANTE.

NINGUÉM SOUBE QUEM ELA ERA;
SORRIU, OS CABELOS INDA MOLHADOS
SOLTAVAM GOTAS RELUZENTES DO SOL DE JUNHO.

DEPOIS ELA FOI EMBORA,
E AS ONDAS VOLTARAM PARA O MAR PROFUNDO,
CHORANDO DE SAUDADES.

(sspóvoa)

Sebastião Spínula Póvoa

LAMENTO DO ANJO NA HORA DE SOLIDÃO




COMO MEDIREI AS DISTANCIAS
QUE AS LEVAM PARA TÃO LONGE,
DAMAS DOS MEUS SONHOS PERDIDOS?

D’ONDE BUSCAREI TEMPO
PARA ENCURTAR A MINHA ESPERA;
SE AS TIVE TÃO PERTO?

MEUS OLHOS OLHANDO
ATRAVÉS DE VOSMECES,
BUSCAM UMA PASSAGEM
QUE NUNCA EXISTIU!

ENTÃO DESEJAREI SER SOL
PARA ALUMIAR VOSSOS CORPOS.
SEREI VENTO,
PARA ACARICIAR VOSSOS CABELOS
E SEREI PEDRA DA CALÇADA
PARA SENTIR VOSSOS PÉS.

ASSIM, SÓ RESTA A ETERNIDADE
PARA EU ESPERAR VOSMECES!

(sspóvoa-archivo antigo)

Sebastião Spínula Póvoa

CANÇÃO DO ANJO PARA O PÁSSARO FERREIRO





ONTEM PENSEI ESTAR NO MEU LUGAR;

LÁ... LONGE!

PENSO TER OUVIDO O PASSARO FERREIRO
MARTELANDO A SUA BIGORNA
SÓ PARA DESPERTAR AS FALENAS E BORBOLETAS,
QUE SÃO AS MAIS PREGUIÇOSAS!

PÉIMMMMMMMM... MARTELAVA!

ENQUANTO OS BOTOS, N'ÁGUA, SALTAVAM ALEGRES
E O NEGO D’ÁGUA FAZIA VADIAGEM
NOS BARRANCOS ONDE EU ESTAVA.

POREM MINHAS DAMAS NÃO OUVIAM
PORQUE ESTAVAM NAS SUAS CASAS
ONDE MEU POVO NÃO VAI.

AS FALENAS, LIBÉLULAS E BORBOLETAS
VÃO E VOEJAM NOS ESPAÇOS ENTRE O CONCRETO.
O PÁSSARO FERREIRO NÃO VAI,

POIS TEM QUE MARTELAR A SUA BIGORNA
PARA ACORDAR MEU POVO DO REMANSO DO RIO,
ONDE MORAM OS ANJOS E OS SACIS PERERES.

MINHAS DAMAS DESPERTAM COM A SINFONIA DAS RUAS,
ENQUANTO NÓS ESPERAMOS A HORA DE VOAR PARA O INFINITO!


(sspóvoa(manhã de junho)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA PARA UM PÁSSARO





VÔA, PÁSSARO
QUAL VELA BRANCA
SUMINDO NO HORIZONTE.

SEM FIM.

PÁSSARO PERDIDO
NA PROCELA DO TEMPO,
DISTANTE, INEXÓRÁVEL.

SEM POUSO.

VÔA PÁSSARO DISTANTE
PARA OUTRAS LONJURAS ONDE
AINDA, NÃO POSSO VOAR.
IMENSIDÃO MEDONHA.

VÔA PÁSSARO; LIGEIRO
LIGEIRO RETORNE AO
SEU REPOSTEIRO.

CHAMADO ESPERA.
VEM, PÁSSARO PERDIDO
QUAL VELA BRANCA
SUMINDO NO HORIZONTE.

SEM FIM


(sspóvoa)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA DE RODA DO ANJO PARA SUAS DAMAS DAS FLÔRES




PORQUE NÃO VEM, AMANHÂ,
ABRIREM-ME AS FLORES ?

PORQUE NÃO VEM,AMANHÃ,
BRINCAREM DE CIRANDA?

PORQUE SE VIREM, AMANHÃ,
CANTAREMOS DUAS CANTIGAS DE RODA:

UMA PARA VOSMECES.
OUTRA PARA UMA FADINHA
ACOMPANHADA DE BORBOLETAS
PIRILAMPOS E FALENAS.

MARCAREI O COMPASSO
NUMA HARMONIA PERFEITA
QUE SE EXPANDIRÁ
DOS CONTORNOS DOS CORPOS
DE VOSMECES,DELICADAS DAMAS!



ENTÃO, CANTAREI ASSIM,
COMO OS ANJOS CANTAM
NAS VARANDAS DO CÉU:

EU VI O SOL LÁ NO ALTO
COM O SEU CLARÃO;
EU VI VOSMECES DENTRO DO CORAÇÃO!

MAS NÃO SE ESQUEÇAM, MINHA ROSAS,
ENTREM DENTRO DESSA RODA
DIGAM VERSOS BEM BONITOS
DIGAM ADEUS E VÃO S'IMBORA"...!

II
PORÉM SENHORAS DAMAS DAS FLORES
LEVEM-ME COM VOSMECES,
PARA A GRANDE CIRANDA
QUE CANTAREMOS JUNTOS,
PELA A ETERNIDADE!

(SSPovoa-noite de junho)


Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGUINHA DESESPERADA





Elegantes confreiras,
nfrades e donzelas
enfadado de filosofar
e de pregar no deserto,
como João, O batista,
que comia gafanhotos
e cingia o sacro corpo
com uma pele de ovelha e
vivia futricando pelas margens
do Jordão, dos dois lados,
ou seja: o de lá e o de cá,
resolvi escrever poesias,
também de amor,´
para conquistar
alguma donzela.
Se possível, bela.

Mas se nada tiver jeito
reclamo ao paraiso de Adão
para que devolvam a costela ao meu peito.

(sspóvoa)

Sebastião Spínula Póvoa

SÓ OS ANJOS SABEM QUE FICAM




Só os anjos não tem medo do tempo
Enquanto o corpo mortal preocupa-se
Com o global ou com as chuvas
Que vêem muita ou pouca
Ou com os ventos furibundos que arrasam.

Que importa a peste, a gripe espanhola
Ou suína ou se as metralhadoras matam
Às dezenas de uma vez só, enquanto sorriem
Em estridentes estalos, petardos penetrando
Em carnes moles que serão dos vermes.

Maior que o maior terror está aí, na sua estática
Presença e ninguém se preocupa com ele
Esquecendo que mata, acaba, destrói
E ninguém, nem deuses ou poetas
Podem impedi-lo na sua marcha inexorável.

A cada infinitésima partícula de tempo
Acabamos!
E ninguém pode fazer nada.

O tempo!
Ele fica, nós passamos.

Só os anjos continuam.

(sspóvoa in Fragmentos-archivo)


Sebastião Spínula Póvoa

CANÇÃO DAS LEMBRANÇAS DO ANJO PARA AS DAMAS DA ETERNIDADE




I
Eu bem queria ser um pouco de luz
na longínqua constelação de Andrômeda;
só assim poderia abrasá-las em calor e fogo
que não se extinguiria nunca.

Buscar,nas suas imagens
todos os horizontes sonhados
e, ao vê-las,sair em busca
nos horizontes impossíveis.

meu corpo esmagaria as flores
dos jardins do mundo
na ânsia incontida da espera.

II
As princesas-meninas-moças
seria, então, feixes de luz;
luzeiro alumiando o caminho
que não consegui percorrer.

III
É tão distante a espera
e tão impossíveis os meus dias
que são amargos e de angústias
já que são todos momentos de saudades.

IV
Mesmo assim, ainda existem estrelas no céu.
São elas, as imortais!

(sspóvoa in Memórias)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA MUITO ALEGRE DO ANJO PARA SUAS ELEGANTES DAMAS




QUANDO MINHAS DAMAS SORRIEM,
POUCO SE ME DÁ AS DISTANCIAS
QUÂNTICAS OU QUE PITÁGORAS
TENHA ELABORADO FÓRMULAS E TEORIAS.

...PORQUE QUANDO SORRIEM, MIRÍADES
DE FALENAS E LÉBULAS, SEGUIDAS
DAS MARIPOSAS E FADINHAS, ENFEITAM
O CÉU DE PONTINHOS DE LUZ.
Q’IMPORTA DISTANCIA-TEMPO
SE A LUZ EXISTE?
E MINHAS LEMBRANÇAS
VIRAM CANTARES DE PÁSSAROS
E REBOAM COMO MUSICA
NO UNIVERSO OPRIMIDO DOS HOMENS.

NA VERDADE MINHAS DAMAS SÃO FLORES
FADAS, LIBELULAS, BORBOLETAS; ANJOS.
SÃO PARTE CONGÊNITA DA CRIAÇÃO.
ESTAREI COM ELAS ATRAVÉS DAS GERAÇÕES;

PORQUE A ALMA É SEM FIM.


(sspóvoa-l2 de maio)

Sebastião Spínula Póvoa

NO DIA DE MAIO EM QUE DEUS SORRIU




VOSMECE É UMA ÁRVORE
DE BRAÇOS ABERTOS,
COBERTOS DE FLORES
MULTICORES COMO
AS ASAS DAS BORBOLETAS.

É UMA FOLHA
SUAVEMENTE BRINCANDO
NAS CAMADAS TÊNUES DO
VENTO EM FIGURAS
MEIGAS E MUSICAIS.

É UMA SOMBRA FORMIDÁVEL
ONDE POETAS E SONHADORES
BUSCAM INSPIRAÇÃO E POESIA.

TUDO ISSO É VOSMECE,
NOLIVIA FAGUNDES
ONDE SE ENCONTRAM
AMIGOS E POESIA.

FELIZ ANIVERSÁRIO!


(sspóvoa
arquivo antigo)

Sebastião Spínula Póvoa

HOMENAGEM DO ANJO PARA AS MÃES QUE NÃO SÃO DE MAIO





CANTO 2 DAS “INSELENÇAS”

Das vitrines, das grifes, dos salões
Embrulhadas em papel celofane
Rosas, azuis, até cinzentos e descorados
Como é a cor da mãe das caatingas, que se reúnem
Para cantar as “inselênças”dos filhos
que também morrem em maio.

Enfeitam o salão com a flor do mandacaru,
ou da macambira porque outra não teem.

“uma inselênça, da virge da Cunceição,
que deus num premita q'ele morra sem
cunfissão”.
Mas as mães de maio festejarão
Com os filhos que não nascerão.
Nem na Biafra
Nem nas caatingas
Nem são da PLaza de Mai ou da Guerrilha do Xambioá.

São apenas as mães de maio.


(sspóvoa)

Sebastião Spínula Póvoa

HOMENAGEM DO ANJO PARA AS MÃES QUE NÃO SÃO DE MAIO













CANTO 1- DAS VITRINES

Desfilam pelas vitrinas
Fingindo receber presentes
Dos filhos e dos maridos.
Nem são as mães de maio da Praça Rosada
Nem recebem barras de chocolate
Através das barras de ferro do Carandiru.

São as mães que recebem festas em maio,
porque é o mês das festas de maio
regadas a champanhe e sorrisos.
As mães da Biafra, Não visitam vitrines


nem recebem presentes
Apenas marcham em atitudes paquidérmica
reunindo-se Num canto para morrerem.
De fome, com os filhos que
lhes darão de presente a alma e a carne pouca
dos corpos prenhes de miséria.

Certamente são, também, mães de maio.
Parabénnnnsss Mães!!!


(sspóvoa)

Sebastião Spínula Póvoa

CHORINHO CAPRICHOSO DO ANJO PARA O DIA DAS MÃES




CHORINHO N° 3

Cantigas do Sul, churrasco bão!
Cantorias do Norte, pirarucu

-Pamonha de Goiás,
pequi do Tocantins
lingüiça das Minas Gerais !

ou peixe boi de cinco mil dólares
ou quatro



mil pelo mico leão safado
da Serra do Mar.
Setecentas e trinta e duas ONGS
gastando dinheiro com tartarugas,
mas o filhote do homem continua
sem uma pedra para repousar a cabeça.
cansada, dizem.

Mas continuei ouvindo o tilintar
de cinco moedas de cinco centavos
para trocar por um pão,
por um cuscuz
por meio frango
por uma lingüiça

por duas lágrimas que derramei
quando vi minhas mães
buscando pouca comida
para os filhos de maio.

(Sspovoa)

Sebastião Spínula Póvoa

CHORINHO CAPRICHOSO DO ANJO PARA O DIA DAS MÃES






CHORINHO N° 2

-roletes de cana ...!
molhados do suor do bóia fria,
por um pedaço de pizza...!
São Paulo que dá garoa,
São Paulo que terra boa.

êta acarajé da Bahia de São Salvador
ceia de sol
cheia de luz
cheia de moça
morena
pedindo
pecado.

Nem Marília, nem Dirceu,
nem Gonzaga ou Maria Quitéria
muito menos Domitilia
para o seu "Pedrinho".



(Sspovoa)

Sebastião Spínula Póvoa

CHORINHO CAPRICHOSO DO ANJO PARA O DIA DAS MÃES









CHORINHO N° 1

ouvi o tilintar de cinco moedas,
não eram de 666 nem ouvi as
trombetas do livro das revelações
porque eram de cinco vezes cinco
igual a vinte e cinco que se troca:
por um pão de dez vezes cinco.
de peso e tamanho.

-quem quer comprar ou trocar
meio litro de feijão de corda
por um quarto de frango ou uma avoante?

-tem milho verde, dez espigas
por dois pedaços de carne,
pode ser de vaca que não é sagrada
ou de porco que tem as unhas fendidas!

mas não era do livro das revelações
nem das cantigas ou cantorias dos poetas.


(Sspovoa)

Sebastião Spínula Póvoa

LAMENTO PARA A MÃE DE UM ANJO





(para os anjos que se foram, todos,
como pássaros em arribação).

Para que romper a aurora minha mãe
se, no meu dia chegado,
rosto algum eu verei
de dentro do meu mausoleo

Para que saber que o dia
amanhece minha mãe
se minhas noites são calmas
e amortecem minhas tragédias,
na voz de minhas últimas boemias
e das mulheres desregradas
à procura de vida
nos cabarés meio inóspitos.

Para que romper a aurora minha mãe
acompanhando esse sol antigo
se na verdade prazer, nenhum me propões,
estes só existem dentro de mim mesmo.
Prefiro, pois, acompanhar a noite
ao sons dos copos
e das raparigas sem destino
que nada me prometem
e tudo me tiram!


(sspóvoa-in Poemas Experimentais)

Sebastião Spínula Póvoa

ELEGIA DO ANJO NUM 1° DE MAIO QUE CAIU NUM SÁBADO









Evoé! Dia do Trabalho
Aleluia! Cântigo Universal
Aqui, alí, acolá ;onde tiver um josé
com a face molhada de cimento e lágrima.

Bom fim de semana !
Fim do que?
Fim de nada, fim do fim
Renovar de segunda
em segunda-feira
Fim da verba, fim das alegria
Fim da grana porque
na segunda-feira
o dia começa em cobranças.
Coisa chata e entediante
esse fim de semana!
Pergunte ao Zé Pedreiro
ou ao Juca Funcionário
Se ele quer fim de semana
ou ganhar uns a mais
Nos dias de sábado,
domingo, feriados
e dias santos e do Trabalho
Levando para casa
mais dinheiro
e mais sorriso ?
Verdadeira merda!
Entrou pelo bico do pinto
Saiu pelo bico do pato
e seu rei mandou
Contar mais quatro.
Certamente mais quatro mentiras.
Fim do que: da alegria,
do cansaço, da dor
Ou da carraspana
de pinga barata?
Ninguém quer fim de semana.
Mas alguém quer fim da pobreza !


(Sspovoa(arquivo)

Sebastião Spínula Póvoa

ANJO PARA SUAS DAMAS ETERNAS







Quisera ter a suavidade do sopro
das brisas preguiçosas
para acalentar os seus momentos de solidão,

ser vento vadio
para brincar de esconder nos seus cabelos
e perto, bem perto, quem sabe,
ouvisse os seus pensamentos,

ser um pedaço do chão
e assim, quem sabe
tornaria mais macio os seus caminhos,

ou ser um fragmento da noite
para penetrar na solidão imensa da distancia
e, quem sabe, ouvir os seus segredos.

Ou não ser nada,
nem um pouco da essência
que desejei ser.

Assim,quem sabe
pudera ser tudo o que
tenham procurado.


(sspovoa-28 de abril)

Sebastião Spínula Póvoa

LAMENTO DO ANJO PELO AMOR DE SUAS DAMAS












Dimensões imponderáveis
no silencio das ausentes;
nem nas lagrimas que choraram
conseguia-se o reflexo de alguma luz
que insistia em alumiar caminhos que seguiam,
palmilhados de tristeza imensa.

Enorme.

Eram figuras do abandono
e os sons só existiam no eco da solidão.

Profunda.

As mãos macias, pequenas
sem cores nem gestos.

Frias.
Os corpos abandonados
misturavam-se com as coisas do nada,
inscritos num vazio sem dimensões
que cercava minhas senhoras Damas.

Tristes.

Meninas,
princesas,
tão pequenas
tão sós

diluindo-se nas camadas tênues do vento.


(sspóvoa-26 de abril)

Sebastião Spínula Póvoa

CANÇÃO DAS LEMBRANÇAS DO ANJO PARA AS DAMAS DA ETERNIDADE









I
Eu bem queria ser um pouco de luz
na longínqua constelação de Andrômeda;
só assim poderia abrasá-las em calor e fogo
que não se extinguiria nunca.

Buscar,nas suas imagens
todos os horizontes sonhados
e, ao vê-las,sair em busca
nos horizontes impossíveis.

meu corpo esmagaria as flores
dos jardins do mundo
na ânsia incontida da espera.

II
As princesas-meninas-moças
seria, então, feixes de luz;
luzeiro alumiando o caminho
que não consegui percorrer.
III
É tão distante a espera
e tão impossíveis os meus dias
que são amargos e de angústias
já que são todos momentos de saudades.

IV
Mesmo assim, ainda existem estrelas no céu.

São elas, as imortais.

sspóvoa.25 de abril.


Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGAS DE HOJE PARA MINHA PRINCESA









Não vou cantar as estrelas
Muito menos falarei da lua
Sua languidez cor de prata
Inspirando poesias pelo seu amor.

Sequer direi que a lua refletida,
Brilha mais em seus olhos do que no mar
E nem direi que o mar profundo guarda segredos
Que só os deuses sabem e não contam.

Muito menos falarei do cantar dos pássaros
Ou que sinto saudades suas nas suas matinadas
Porque trazem-me a sua imagem tão linda
O que não direi também, nem em murmúrios.

Negarei que tenha amado um dia
Maria, Doroty, Nicéia ou Ana de tal,
Jezebel, Walkiria, Nicéia Tania ou Catarina
Roxana, Rosália ,Resedá ,Rosa ou Dália.

Conheci uma Açucena que era pequenina
Que nem flor de bonina nascida no canto do muro.
Acho que ela não era uma flor mas eu gostava dela
Não direi mais nada, apenas continuarei,

com cantigas para uma Princesa.


(sspovoa - in AMANTES DA
POESIA ANO III)

Sebastião Spínula Póvoa

terça-feira, 22 de março de 2011

MEDITAÇÃO DO ANJO QUE SONHA SER POETA




I

Tiradentes morreu hoje;
Por isso tem um cadáver
Pendurado no céu do Brasil

II

ESTOU DO OUTRO LADO DA CALÇADA
OLHANDO UM MURO COMPRIDO
Q’NEM CORDÃO DESFIADO DO NOVELO
PR’A LER AS PALAVRAS DE DEUS:

“APOBREZAVOMITAFEIURAPELABOCA”!

III

EM TODAS AS LÍNGUAS E DIALETOS.

(sspóvoa-IN REINO
POETICO DE PASÁRGADA)

Sebastião Spínula Póvoa

MOTE DO ANJO A UM POEMA DA DRA.RAI NO “LABIRINTUS”




O CORAÇÃO DESABITADO DE ALEGRIA
CONTRAI-SE NO PEITO.

OS GESTOS DE VITÓRIAS PRESSENTIDAS
PODERÃO CAIR COMO AVES BALEADAS.

HÁ UM SILENCIO EM MIM COMO OS DOS CAMPOS
ANTES QUE SE INICIE A BATALHA.

EM VERDADE, ESTOU À PROCURA
DO AMOR OU DO ÓDIO
SEM PREFERÊNCIA PARA O QUE VIER.


(sspóvoa-arquivos antigos)

Sebastião Spínula Póvoa

CANÇÃO DO ANJO PARA UMA PRINCESA



Vem,
companheira de todos os instantes.
Galopemos a garupa do vento
e busquemos lugar para nosso mundo;
que construiremos num momento de sonho.

Será perfeito e só nós teremos morada.

Os sonhos o cobrirão de flores azuis
o sorriso será a canção das brisas
para o bailado das borboletas e falenas.

do afago suave das mãos de vosmece
nascerão todas as coisas.

do brilho dos olhos nascerá o sol
e dos cabelos nascerá à pálida lua
no nosso mundo perfeito
impenetrável e só nosso.

De lá, buscaremos a eternidade
onde só os pássaros buscam repouso.

Então lembraremos de ontem
buscando a perspectiva do amanhã.


(sspovoa-arquivo.Cantigas
Para Uma Princesa)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA DO ANJO PARA AS BORBOLETAS



Vou plantar para vosmece Princesa
muitas flores para quando passar
nos caminhos do céu.

Será numa estrada, mais longa
que a minha espera
e onde ouvirei o vosso sorriso
ainda depois da eternidade.

Nas minhas flores,
as cores roubadas
dos vossos olhos.

Esculpirei as formas do corpo de vosmece
que resplandecera com o fulgor das estrelas,
com a suavidade das borboletas;
colorida pelas flores que plantarei.
Será meu sonho real
bonito como o sorriso das manhãs
brincando de nascer.


(sspovoa-arquivo.Cantigas
Para Uma Princesa)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTO DO ANJO PARA AS COMPANHEIRAS DO RETORNO



QUANDO ELAS CHEGARAM
DEPOIS DO PRIMEIRO DIA,
ÉRAM ELEMENTAIS
NA FORMA DE FADINHAS
FALENAS BORBOLETAS E LIBÉLULAS.

CADA QUAL DO SEU JEITO
ESVOAÇANDO NAS FLORES
OU BRINCANDO NO BRILHO DO SOL
EPELHADO NAS ÁGUAS ETERNAS.

FÁTIMA ,NA FORMA DE LIBELULA
VOA,VOANDO DAQUI P’RA LI,
EM MEIO AS TULIPAS VERMELHAS
SORRINDO COM SUAS ASAS TRANSLUCIDAS.

ROSSANA, DELICADA FALENA
BAILA NAS CAMADAS TENUES
DO VENTO ENTRE OS COLOSSOS DE PEDRA
ESCULPIDOS NOS ALTARES DA ETERNIDADE.

DÉBORA CONTINUOU FADINHA
NOS ENCANTADOS MORRETES
ONDE MEDRAM AS HORTENCIAS
AZUIS COMO O CEU DO AMANHECER.

TANIA, BORBOLETA, CARREGA O ARCO IRIS
NA SUAVIDADE DAS ASAS
ESPARGINDO POEIRA DAS ESTRELAS
NO CAMINHO DA LONGÍNQUA ANDROMEDA,
NOSSA CASA, PARA ONDE VOLTAREMOS.

CADA UM COM AS SUAS ASAS.


(sspóvoa-5 de abril)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTARES DO ANJO PARA UMA BORBOLETA



VEM, SENHORA DONZELA.
DÁ-ME UM ABRAÇO
E REPOUSE A CABEÇA DE VOSMECE
NOS MEUS OMBROS.

DEIXA QUE EU SINTA A SUAVIDADE
DE SUA PELE E O RITIMADO
FLUIR DA RESPIRAÇÃO
QUE VEM DO VOSSO CORPO.

DEPOIS VÁ, SENHORA DAMA,
E APERTE A MINHA MÃO
COM FORÇA. EU SENTIREI
O SUAVE TOQUE DA DESPEDIDA
QUANDO VOSSOS DEDOS,
DELICADOS E FINOS
NÃO ESTIVEREM MAIS AQUI.
ENTÃO PENSAREI:
ERA UMA BORBOLETA.
NADA MAIS!


(sspóvoa-5 de abril)

Sebastião Spínula Póvoa

POSTURA DO ANJO ANTIGO ANTE AS LÁGRIMAS DE UMA DONZELA



Hai que saber, Donzela mia
quantos golpes se dará
com o meu terçado ou
durindana,quão tem sido
as lágrimas dos olhos vossos caídas.
Pela minha fé!

Por vós juro,
sobre os Santos Evangelhos,
que não duvidem os impenitentes
que rubro sangue geléia trêmula
há que ser aqui, ali, alhures ou
algures,efeito mesmo terá,
de vingança, tanta, que Deus haja!

Que se enxuguem, pois, olhos vossos,
pela fementida aleivosia que a
angelicais ouvidos, tantas mágoas fizeram.
Que por honra e reparo Vosso, fúria hei
chamado de mil guerreiros mongóis,
para exemplar postura se aplicar em
tão sacripantas valhacoutos.
Em pós o que, de fenestrados serão
destas minhas bandas.
Louvado seja Vossa Mercê
neste ano da graça desde o
sagrado nascimento.


(sspóvoa-cantigas medievais
para uma princesa)


Sebastião Spínula Póvoa

PASCOA COM CHOCOLATE INDAGAÇÃO DO ANJO




Graça a Igreja Romana que de Cristo se apossou
Imitadores baratos dos hebreus nos tornou,
Numa páscoa onde se come doces
Ao invés de ervas amargas como eles.

Mas, que temos nós ocidentais com isso?
Que páscoa é essa
se não temos o que comemorar,
nem de alegre e tão pouco de triste,
porque a páscoa, festa única e exclusiva
do povo judeu,
para que não se esquecessem da fuga do Egito,
lembrança regada a absinto
ervas amargas e pão sem fermento.

Aqui se rouba galinhas,
outros compram bacalhau
ou se empanturram com chocolate
numa páscoa que não é nossa.

Afinal, do que fugimos a não ser
de nossa doce miséria e
da nossa santa inocência
de imitadores sem talento?


(sspóvoa-1° de abril)

Sebastião Spínula Póvoa

QUANDO O ANJO SENTE SAUDADES



NÃO CHORES!

QUANDO VOSMECE E EU
OLHAMOS PARA AS ESTRELAS
É SIMPLESMENTE A VONTADE
DE VOLTAR PARA CASA

E SENTIR SAUDADE
É VONTADE DE ESTAR PERTO.

POR ISSO, AS BORBOLETAS,
LIBÉLULAS E AS FALENAS
VOAM POR AÍ ATOA.

SIMPLESMENTE BRINCAM
DE VOLTAR PARA CASA.

(sspóvoa-1° de abril)

Sebastião Spínula Póvoa

APENAS ANJO



Nós,
( os anjos, sempre voltamos para casa)!

AMIGA, DEIXA A CABEÇA NOS JOELHOS
E GARGALHEMOS A SEPARAÇÃO.
ELA É FRIA E TOLA COMO TODA SEPARAÇÃO
PORQUE SE INFILTRA AOS POUCOS
NUMA CORAJOSA COVARDIA...

NÃO MAIS TEREMOS OS RISOS FORÇADOS
NÃO MAIS TEREMOS NADA...

SÓ MESMO RESTA ELEGANTE AMIGA
DOBRAR A CABEÇA NOS JOELHOS
E GARGALHARMOS ESSA SEPARAÇÃO.

AFINAL, A SAUDADE A VIA TRARÁ
DO SILENCIOSO VIAJEIRO,
A PERPÉTUA RECORDAÇÃO
POIS A MORTE NÃO TERMINA
NUNCA.


(sspóvoa Poemas experimentais)

Sebastião Spínula Póvoa

domingo, 20 de março de 2011

QUEM DISSE QUE O ANJO NÃO CHORA?



AFINAL, O QUE NOS RESTA
SE PERDEMOS O SORRISO,
NA PRIMEIRA ESQUINA,
NA ULTIMA RUA COMPRIDA
ONDE O VENTO FAZ A CURVA?

O QUE NOS RESTA, AFINAL,
SE TODAS AS CORES
QUE ERAM MULTICORES
NAS ASAS DAS BORBOLETAS
NÃO ESTÃO MAIS LÁ?

EU PERDI O SORRISO
NA ULTIMA CURVA DO VENTO.
PORTANTO, CALUDA!

NÃO INCOMODEM
QUEM TANTO AMOU NA VIDA.


(sspóvoa Poemas 29/03/10)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTARES DO ANJO ANTE AS FLORES MORTAS



Eu quero que amanheça um dia
em frente ao meu mausoléu
todas as mulheres que faziam vida
que me fizeram viver de Léo em Léo.

Eu quero que amanheçam um dia
nas primeiras horas da madrugada
quando houver o horror que o inverno cria
e a terra ainda estiver molhada.

Que apareçam ainda mal dormidas
diretamente dos caberes chegadas
apareçam alegres, não me apareçam compungidas
não gosto de tristezas em pessoas amadas.

E neste cemitério onde tudo, aqui, se acaba
gargalhem e bebam em torno de mim.
Assim, dentro da terra, minha branca ossada
fremirá de prazer à boemia sem fim.


(sspóvoa Poemas experimentais)

Sebastião Spínula Póvoa

CANTIGA DO ANJO MEDITABUNDO



Nada desaparece no espaço
-tempo é espaço-
o resto em nós existe.

Nem o vidro translúcido
nem a água cristalina
São sensações de ausência.

Nada desaparece no espaço
tudo que nele se encontra
tem a sua razão.

Só o espaço desaparece no espaço,
ele pode ser ocupado,

mas nada ocupa.


(sspóvoa Poemas experimentais)

Sebastião Spínula Póvoa