segunda-feira, 2 de maio de 2011

LAMENTO PARA A MÃE DE UM ANJO





(para os anjos que se foram, todos,
como pássaros em arribação).

Para que romper a aurora minha mãe
se, no meu dia chegado,
rosto algum eu verei
de dentro do meu mausoleo

Para que saber que o dia
amanhece minha mãe
se minhas noites são calmas
e amortecem minhas tragédias,
na voz de minhas últimas boemias
e das mulheres desregradas
à procura de vida
nos cabarés meio inóspitos.

Para que romper a aurora minha mãe
acompanhando esse sol antigo
se na verdade prazer, nenhum me propões,
estes só existem dentro de mim mesmo.
Prefiro, pois, acompanhar a noite
ao sons dos copos
e das raparigas sem destino
que nada me prometem
e tudo me tiram!


(sspóvoa-in Poemas Experimentais)

Sebastião Spínula Póvoa

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