segunda-feira, 2 de maio de 2011

SÓ OS ANJOS SABEM QUE FICAM




Só os anjos não tem medo do tempo
Enquanto o corpo mortal preocupa-se
Com o global ou com as chuvas
Que vêem muita ou pouca
Ou com os ventos furibundos que arrasam.

Que importa a peste, a gripe espanhola
Ou suína ou se as metralhadoras matam
Às dezenas de uma vez só, enquanto sorriem
Em estridentes estalos, petardos penetrando
Em carnes moles que serão dos vermes.

Maior que o maior terror está aí, na sua estática
Presença e ninguém se preocupa com ele
Esquecendo que mata, acaba, destrói
E ninguém, nem deuses ou poetas
Podem impedi-lo na sua marcha inexorável.

A cada infinitésima partícula de tempo
Acabamos!
E ninguém pode fazer nada.

O tempo!
Ele fica, nós passamos.

Só os anjos continuam.

(sspóvoa in Fragmentos-archivo)


Sebastião Spínula Póvoa

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