segunda-feira, 2 de maio de 2011

MEDITAÇÃO DO ANJO ANTE A MORTE DAS EFÊMERAS




Amanhã direi a vosmecê,
minha dama eterna,
porque nascem e morrem
as efêmeras, antes mesmo
que o sol se ponha
n’algum horizonte doirado.

suaves, antigas, desde o primeiro dia
arrebentam das águas tranqüilas;
voejam com as borboletas,
tecem figuras meigas e musicais com as falenas,
beijam o sol e jamais vêem a lua.

sem derramar uma lágrima sequer
retornam ao dossel das águas
e morrem tão suavemente como vieram.
então eu digo para vosmecê, minha dama eterna,
que na verdade são fadinhas que,
medrosas, queriam apenas bailar uma valsa:

dessas que os anjos contaram
que somente os amantes dançam.

(sspóvoa-um dia antes
de setembro)

Sebastião Spínula Póvoa

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